15 de dezembro de 2008

E o internetês?


 
Já ouvi muitas vezes professores(as) de língua portuguesa (pois é! ainda é quase exclusivamente nossa a reponsabilidade de ensinar a língua padrão! mas isso é assunto para outro post) se queixando dos males que a Internet causa à produção escrita dos(as) alunos(as). O internetês, usado principalmente no MSN e no Orkut, estaria contaminando os textos escolares.

Percebo nessa queixa duas causas.

A primeira: infelizmente, a maioria dos(as) professores(as) não tem acesso à Internet e/ou não pensa nas tecnologias como aliadas ao processo de ensino-aprendizagem. Como não conhecem as possibilidades, travam uma luta contra elas, não permitindo que entrem nas salas de aula. E se cria o mito de que o internetês limita a expressão, causa danos à língua escrita.

A segunda: esquecemos que escrever, parafraseando o professor Carlos Faraco, é uma atividade sociointeracional; ou escrevemos para alguém ler; ou o interlocutor é um dos fatores que determina a forma de nosso texto. Se usamos o MSN para nos comunicar com amigos, numa situação informal e que exige o máximo de rapidez, nada mais óbvio que se criem códigos próprios ao contexto. Não é necessário exclui-los das aulas. Ao contrário, devem estar presentes nas discussões sobre a variação lingüística. Óbvio que a escola é responsável pelo acesso à língua padrão, a fim de garantir a inclusão sociocultural dos(as) alunos(as). Mas a língua padrão é uma entre as múltiplas manifestações da língua.

Nas nossas escolas fazemos o debate sobre esses temas? ou nos limitamos a ficar chocados(as) com a incapacidade de expressão dos(as) alunos(as) que usam "pq", no lugar de porque, "vc" no, lugar de você?

Aqui há um texto bem legal que ajuda nessa reflexão!


3 comentários:

Patrícia disse...

É verdade Suely, outro dia comentava com um colega sobre o internetês, na maioria das escolas ele é apenas criticado e combatido, mas nunca abordado na sala de aula.

Anônimo disse...

Vc tb podia add 1 dicionário de "internetês" aq.Eu axo mt legal!!!

Afinal é + 1 forma, + 1 variante da nossa língua e, se funciona em um determinado contetxo, deve ser entendida como tal...

Filosofia disse...

E aí, Su! Teu Blog tá cada vez melhor. Sabes escolher os assuntos à dedo. E, pelo visto, tens andado bastante inspirada. Parabéns pela competência com que estás realizando este Blog! Bjão!