23 de janeiro de 2009

Turma da Mônica: reforma ortográfica (não seria melhor falar em acordo ortográfico?)

SAIBA_MAIS_016_Reforma_Ortografica

Meu filho de nove anos (um guri lindo, leitor, blogueiro! entre muitas coisas… ufa! tanta energia…) e eu adoramos ir até a praça para fuçar as novidades na banca de revista… Sempre saímos de lá com alguma leitura urgente que vamos fazendo pela rua mesmo, enquanto caminhamos…

Como ontem li a indicação na Gibiteca.com do novo Saiba Mais! sobre a Reforma Ortográfica com a Turma da Mônica… corremos hoje à banca… Desta vez quem estava morta de curiosidade era eu… só que ainda não tinha aparecido esse exemplar na fronteira oeste do Rio Grande do Sul… estamos "longe demais das capitais"…

Enquanto a Mônica não chega aos pagos… gostaria de aproveitar o título-tema da revista: “reforma ortográfica” para retomar uma reflexão muito interessante feita pelo escritor e linguísta Marcos Bagno: não está em curso uma reforma, mas, apenas, um acordo ortográfico, que mexe muito pouco nas convenções de escrita brasileira, portuguesa e dos outros países lusófonos.

Como prova disso, basta observar nossos posts: quantas vezes usamos palavras que exigem a observação das novas regras?

“São apenas alguns poucos acentos gráficos que deixarão de ser usados, junto com o trema (que, pelo amor de Deus, não é um acento!), além de uma regulação do uso do hífen. Com isso, somente 0,5% das palavras escritas em português brasileiro sofrem alguma alteração”, diz Bagno no artigo “Não é reforma, minha gente, é só um acordo!”, publicado na Caros Amigos de novembro de 2008 e que podes (e deves!) ler aqui.

Há, também, o aspecto político que envolve esse acordo e que não apareceu na maioria das abordagens feitas pelas redes de televisão. Continuo citando Bagno:

“Com o apego à ortografia que vigora lá e nos demais países, Portugal impede a livre circulação de material impresso no Brasil, sobretudo livros didáticos e dicionários; não reconhece os diplomas de proficiência em língua portuguesa que nós expedimos; exige que os organismos internacionais publiquem todos os seus documentos segundo as normas da grafia instituídas por lá etc. Trata-se de uma política lingüística tacanha, que tenta encobrir o sol brasileiro com a peneira minúscula da ortografia lusa. No Brasil vivem 90% dos falantes de português de todo o mundo. O português brasileiro (e não simplesmente "o português") é a terceira língua mais falada no Ocidente (depois do espanhol e do inglês). Se todos os habitantes de Portugal e dos outros países "lusófonos" (que de lusófonos não têm nada: neles só uma minoria fala português) deixassem de usar a língua, ainda assim essa posição do português brasileiro não se alteraria no panorama lingüístico global.
Defender a validade e a necessidade do Acordo ortográfico é defender a importância do Brasil e do português brasileiro no cenário mundial. É conferir auto-estima a um povo que, há meio milênio, vem sendo acusado de "arruinar" o "idioma de Camões". Arruinamos mesmo, pronto, e daí? Mas é sobre essas ruínas que estamos erguendo uma língua surpreendente, que deixa os lingüistas fascinados com as inovações sintáticas que estamos introduzindo, uma língua que é a cara do nosso povo, como têm quer ser (e de fato são) todas as línguas do mundo.”



Acordo ou reforma: apenas uma questão semântica? O que pensas sobre isso? Espero teu comentário...