Na tua opinião, qual a concepção (essência, finalidade) da tua disciplina?
As três disciplinas em que atuo - língua portuguesa, didática da linguagem e literatura infantil – num sentido amplo, se debruçam sobre o mesmo objeto de estudo: a língua (gosto mais de dizer línguas ou linguagem!)
Então, a forma como penso a língua determina o trabalho que desenvolvo em sala de aula, é aí que reside a essência das “minhas” disciplinas.
Devo dizer, ainda que a forma como penso a língua passa, assim como todas as práticas pedagógicas, por uma opção político-pedagógica. Quer dizer, o jeito que planejo as aulas, como me relaciono com os alunos, como proponho as atividades, como faço as intervenções nos textos, as sugestões de leitura, o que é construído, enfim, por todas as práticas subjaz não só a minha concepção de língua, mas as formas como me insiro no mundo.
Se penso (com Vigotski, Bakthin, Geraldi) a língua como um processo de interação entre sujeitos que desempenham papéis sociais, ideologicamente situados num momento histórico, portanto, um sistema aberto, me inscrevo na opção de expor os alunos a diferentes textos e contextos de uso da linguagem, sendo, também, interlocutora (parceira de fala, escuta, escrita e leitura).
Li em algum lugar (e acho legal!) que um dos papéis da escola é tornar o aluno “poliglota” na própria língua, capaz de usá-la nas diversas situações, respeitando e valorizando as variações, e fazendo as reflexões necessárias sobre a modalidade padrão (ou culta).
Qual a contribuição dela na sociedade?
A língua é um dos elementos que faz parte de nossa identidade como povo e como indivíduo.
Além disso, todas as áreas do conhecimento, todas as atividades da sociedade se relacionam com a linguagem.
A língua é viva, é dinâmica, depende das relações entre os interlocutores... e a escola, muitas vezes, insiste em mumificá-la...
É uma baita responsabilidade assumir a função de professora de língua e literatura, pois a forma como encaminho o trabalho pode contribuir, por exemplo, para que o preconceito lingüístico se fortaleça e, daí, a exclusão; ou para a “apropriação” da (s) língua (s).
A aprendizagem de língua dever servir para libertar (e não para aprisionar!). Deve focar na formação de leitores e de produtores de textos (e não em “especialistas” em gramática normativa!).
A sociedade nos exige usuários da (s) língua (s) em diferentes situações; então, é fundamental que a reflexão sobre as variantes da língua, por exemplo, esteja presente nas aulas, e não, apenas, a modalidade padrão.
Que as aulas sejam aulas de linguagem e não de metalinguagem!
2 comentários:
Olá.
Adorei seu blog,é muito bom apoiar a leitura,parabéns .
Tenho um agregador de conteúdo educacional,se quiser participar ficarei honrado,é só nos fazer uma visitinha.
Ate mais
http://educacao.agenciawd1.com
Oi Profª Suely! Dei uma passadinha no blog hoje para ver as novidades. Adorei seu texto. Bjo!
Postar um comentário