14 de outubro de 2013

É preciso "virar o olho"!

O que é mais ilusório: o conto do gato de botas ou o anúncio da Doriana? Aquela família do anúncio existe? (Regina Machado)
Desde que foi criada a Plataforma do Letramento, tenho andado por lá.
(...) um espaço para a reflexão, formação, disseminação e produção de conhecimento sobre o letramento.
Há muito material bacana:
(...) estão disponíveis textos, artigos, matérias, entrevistas, propostas de atividades, referências de práticas em conteúdos multimídia, como vídeos, podcasts, infográficos interativos etc., que darão suporte ao trabalho e aos estudos sobre letramento. O ambiente promoverá, em seus canais de participação, discussões, debates e oficinas online gratuitas e de acesso livre para educadores, gestores, pesquisadores e demais profissionais, que buscam, a partir do âmbito de ação de cada um, apoiar as ações de formulação, planejamento, sistematização e troca de conhecimento.
Dias desses houve uma conversa online com Regina Machado, quando foram abordados alguns temas interessantes como 
a cultura de tradição oral, a relação dessa cultura com a literatura e as artes, o papel do professor como contador de estórias e a polêmica questão da adaptação das narrativas às questões politicamente corretas.



Dessa conversa faço alguns destaques.

Por que as histórias nos fascinam?
  • A história é uma substância humana de sabedoria e conhecimento que foi feita e desenhada em tempos imemoriais para todos os seres humanos, para conversar com as coisas fundamentais da vida. 
  • As histórias tradicionais são importantes, porque são feitas de propósito para ligar a gente com as coisas importantes da vida, com as imagens que levam a gente aos lugares mais fundamentais da gente mesmo e, principalmente, com as perguntas mais fundamentais.
A relação entre as histórias e os contadores:
  • efeito que as histórias  fazem em primeiro lugar na minha pessoa. (...)  observei, muitas vezes, algumas coisa se revirando dentro de mim na hora em que estava lendo ou escutando uma história boa.
  • Essas histórias têm um efeito sobre a humanidade da gente. 
  • ... quando um educador vai contar uma história seja tradicional seja um conto de autor o mais importante é se posicionar e contextualizar, saber de onde isso vem.
  • É importante contextualizar, conversar com a obra e descobrir o que ela diz para mim.
  • Cada pessoa precisa encontrar a sua relação com aquela obra, mas, para isso, é importante contextualizar. Se não percebo a diferença entre um conto popular brasileiro e um conto de Guimarães Rosa, como vou me relacionar, onde vou colocar minha experiência de escuta dessas obras.
  • A gente, como educador, tem que perguntar o tempo todo. (...) ir para onde a curiosidade leva. 
Literatura e contos de tradição oral - arte da palavra:
  • A arte da palavra tanto faz se é conto de tradição oral, literatura contemporânea...
  • ... faz com que as pessoas se conversem nos lugares profundos delas mesmas.
  • Tolkien: imaginem uma árvore azul ou desenhem uma árvore azul, todo mundo pode fazer isso. Escrever um texto onde uma árvore azul seja acreditável, isso é a arte da fantasia.
  •  ... criar um discurso, um encadeamento de palavras que tenha o dom do encantamento, faça que as pessoas escutem, leiam ou escrevam e parem para refletir para ver o efeito que aquilo fez dentro delas, isso é a arte da palavra.
  • O símbolo é uma coisa que todos compreendem. Um conto tradicional compartilhado numa comunidade é algo que aquela comunidade compreende.
Sobre "virar o olho":
  • É como as crianças brincam, como as crianças se entendem, como a gente também, como o poeta faz.
  • ... um jeito divertido,  instigante...
  • .... quando a criança brinca com dois saleiros como se fossem reis conversando, ela está de olho virado. Quer dizer, ela está olhando com outro jeito, com o olhar da fantasia, da imaginação, da transformação, o olhar da história. E se  fosse possível que esse saleiro fosse uma princesa? pergunta imaginativa  essencial que move o ser humano na direção do conhecimento. 
  • ...é um recurso para que o ser humano entre em contato com as possibilidades, com aquilo que não é, mas pode ser... 
Regina fala de um jeito poético sobre a arte da palavra, sobre contação de história, sobre imaginação, sobre aprendizagem...

*** *** *** *** *** ***

Outros textos de Regina Machado:

Nenhum comentário: