Comportamentos leitores e escritores:
A aprendizagem da língua acontece a partir de práticas de linguagem.
Quer dizer, se aprende a ler, lendo, e se aprende a escrever, escrevendo, assim como se conhece a língua materna, seu vocabulário e sua estrutura gramatical, "graças aos enunciados concretos que ouvimos e reproduzimos na comunicação efetiva com as pessoas que nos rodeiam", e não por meio de dicionários ou gramáticas (trecho do livro "Escrita nas séries iniciais", de Elizabeth Baldi).Delia Lerner defende que a escola, ao entender a leitura e a escrita como práticas sociais, desenvolverá nos alunos os comportamentos leitores e escritores.
Comportamentos leitores:
Entre os comportamentos do leitor que implicam interações com outras pessoas acerca dos textos, encontram-se, por exemplo, as seguintes: comentar ou recomendar o que se leu, compartilhar a leitura, confrontar com outros leitores as interpretações geradas por um livro ou uma notícia, discutir sobre as intenções implícitas nas manchetes de certo jornal... Entre os mais privados, por outro lado, encontram-se comportamentos como: antecipar o que segue no texto, reler um fragmento anterior para se verificar o que se compreendeu, quando se detecta uma incongruência, saltar o que não se entende ou não interessa e avançar para compreender melhor, identificar-se com o autor ou distanciar-se dele assumindo uma posição crítica, adequar a modalidade de leitura - exploratória ou exaustiva, pausada ou rápida, cuidadosa ou descompromissada - aos propósitos que se perseguem e ao texto que se está lendo...Em outras palavras:
Comportamentos escritores:
Planejar, textualizar, revisar mais de uma vez... são os grandes comportamentos do escritor, que não são observáveis exteriormente e que acontecem, geralmente em particular. (...) Evitar ambiguidades ou mal-entendidos - uma atividade envolvida no processo de textualização/revisão - implica, ao mesmo tempo, uma luta solitária com o texto e um constante desdobramento do escritor que tenta imaginar o que sabe ou pensa o leitor potencial... As exigências desse desdobramento levam o escritor a pôr em ação outras atividades nas quais se introduz mais claramente a dimensão interpessoal: discutir com os outros qual é o efeito que se aspira produzir nos destinatários através do texto e quais são os recursos para consegui-lo; submeter à consideração de alguns leitores o que se escreveu ou se está escrevendo...
(Trechos do livro "Ler e Escrever na Escola: o Real, o Possível e o Necessário", de Délia Lerner)
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