7 de dezembro de 2008

Aulas de língua ou de metalíngua?

Cena: sala de aula de EJA - ensino médio.

Professor(a): Quem sabe português?

Ninguém se manifesta. O/a professor/a repete a pergunta. O silêncio permanece.

Outra questão...

Professor(a): Que língua nós falamos?

Aluno(a) 1: Português, é claro!

Professor(a): Então... sabemos português...

Aluno(a) 2: Mas a gente não sabe as regras!

Aluno(a) 3: É, e a escrita é muito difícil...

Aluno(a) 4: O português é muito complicado, tem muitas regras, tem que saber os verbos...

Ah! o que esses(as) alunos(as) não sabem é, apenas, gramática normativa! Só que, infelizmente, eles(a)s acreditam que não sabem a língua materna! E isso é um problemão! Mexe com a auto-estima: não gostam do próprio modo de falar, de se expressar, de pensar - acham que é errado.

O certo é somente o que está nas gramáticas e ao alcance de privilegiados. As outras línguas do dia-a-dia! - que eles(a)s dominam - não são língua portuguesa, pois não estão nas aulas de português.

Dá para perceber os nós que precisamos desatar por causa de nossas práticas pedagógicas tradicionais?

Aulas de português ainda são, apenas, aulas de gramática normativa! De metalinguagem gramatical! As aulas de língua são aulas de metalíngua!

O Professor Luiz Carlos de Assis Rocha, no livro Gramática nunca mais, nos auxilia a desatar alguns desses nós. Vale conferir!



Um comentário:

Tati Martins disse...

Sueli,
Acho que não somos só colegas de profissão, somos também de disciplina e de paixão. Estamos juntas no mesmo barco. Espero que possamos crescer partilhando uma com a outra o que estamos aprendendo.
Você trabalha com que séries?
Beijinhos