14 de março: dia nacional da poesia

14 de março.

Não sou muito afeita a datas, mas como é o Dia Nacional da Poesia (amo literatura!)… e aniversário de Castro Alves ( amo esse poeta!)… Lá vai…

A Cybele Meyer, do blog Educar já!, postou as “Memórias póstumas de Castro Alves” (anotadas por Antônio Carlos Secchin), parte do Projeto Memória. Vale a pena lê-las!!

E como acredito que estudar literatura é ler literatura… compartilho os versos que mais amo do “feroz e belo poema” (nas palavras de Marisa Lajolo e Samira Campedelli) “Navio negreiro – tragédia no mar”.

Versos que, acho, cumprem o papel da arte defendido por Vitor Hugo (poeta francês, mestre de Castro Alves): provocar o sublime e mostrar o grotesco.

IV

Era um sonho dantesco… O tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho,

                     Em sangue a se banhar.

Tinir de ferros… estalar do açoite…

Legiões de homens negros como a noite,

                    Horrendos a dançar…

Negras mulheres, suspendendo às tetas

Magras crianças, cujas bocas pretas

                    Rega o sangue das mães:

Outras, moças… moças nuas, espantadas,

No turbilhão de espectros arrastadas,

                    Em ânsia e mágoa vãs.

E ri-se a orquestra irônica, estridente…
E da roda fantástica a serpente
                     Faz doudas espirais…
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos… o chicote estala.
                      E voam mais e mais…

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
                       E chora e dança ali!

Me encanta a indignação...

Olha só este vídeo (postado em 12 de agosto de 2008, por pgeovanejr) com cenas do filme “Amistad”, de Steven Spielberg e com o rap criado por Caetano Veloso para os versos de Castro Alves.

Para  encerrar, fica combinado: todo dia é dia de poesia!