30 de junho de 2010

Sobre ensino de língua portuguesa

      Depois de mais de um mês de ausência... :(

     Acabei de ouvir uma entrevista do professor Mario Perini, no blog Linguajares (uma proposta encantadora - e tentadora!, de construção coletiva, nascida na lista de discussão Blogs Educativos), partilhada pela Miriam Salles.

     Em seguida, ao abrir a caixa de correspondência, encontro o exemplar da  Revista Carta Fundamental (nº 19, de junho/julho de 2010 - acho que  é disponível, apenas, para assinantes, pelo menos neste lado do Brasil!) e, como sempre, vou direto para a coluna "Falares", de Marcos Bagno:  "Para que classificar as palavras?".

     Esses textos referenciam e inspiram minha luta - sim, é uma luta! - pela desburacratização do ensino da língua portuguesa, pelo ensino de língua e não de metalíngua!

     Nesses últimos dias, vivenciei as primeiras tentativas de auxiliar alunas em pré-estágio nos anos iniciais do ensino fundamental.

     Uma experiência desafiadora, pois implica muita responsabilidade; enriquecedora, já que possibilita muitas aprendizagens; reflexiva, visto que põe à prova nossas práticas.

     Aquelas alunas, com quem convivi durante dois semestres, nas disciplinas de língua portuguesa e de didática da linguagem, saem para a vida real das escolas e, parece, titubeiam.

     Recebem uma lista de conteúdos para desenvolver, entre eles a classificação das palavras!, e correm para cumprir essa tarefa.

    Sinto como se os debates que travamos durante as aulas, as leituras que fizemos, as propostas, talvez menos conservadoras, que trouxe para elas pouco repercutiram...

     Eu sei, é muito difícil  romper  os  modelos que temos internalizados... Afinal, foram anos e anos em que as aulas de português se resumiram, apenas, a aulas de nomenclatura gramatical.
Existe na nossa cultura escolar uma concepção equivocada ( e perversa) de "ensino de português" como sinônimo de "ensino de gramática", e por "ensino de gramática" se entende a transmissão acrítica de toda a nomenclatura gramatical tradicional, aliada a exercícios de aplicação mecânica para análise morfológica e sintática de frases descontextualizadas e às vezes até ridículas. Há décadas que essa concepção de ensino vem sendo combatida, mas é impressionante o seu vigor. (...) Vale a pena conhecer a origem desse ensino improdutivo para, sabedores de suas causas, lutar pelo seu desaparecimento!
(...)
Será que todas as pessoas que escrevem textos interessantes, instigantes, criativos, bem elaborados são capazes de rotular todas as construções sintáticas que empregam? O que é mais importante para a formação do cidadão letrado: saber aplicar rótulos ou saber usar com habilidade e inventividade os recursos que sua língua lhe oferece? (os grifos são meus!) ( "Pra que te quero?", outro instigante texto de Bagno, na Revista Carta Fundamental, de maio de 2010).

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