23 de novembro de 2013

Encontro de estudos - parte 2

Texto 4:
As concepções de linguagem e de língua  determinam o que e como ensinar
O desafio é formar praticantes da leitura e da escrita e não apenas sujeitos que possam ‘decifrar’ o sistema de escrita (Délia Lerner).
Será que a forma como entendemos a linguagem e a língua interfere em nossas práticas?

No vídeo que segue, o professor Cláudio Bazzoni suscita reflexões interessantes, mostrando como as concepções de linguagem a partir de Vygotsky, de Bakhtin e da ideia de letramento devem nortear o trabalho com a língua.



Mais sobre as ideias de Lev Vygotsky (1896-1934):



Mais  sobre as ideias de Mikhail Bakhtin (1895-1975):
(...) a língua só existe em função do uso que locutores (quem fala ou escreve) e interlocutores (quem lê ou escuta) fazem dela em situações (prosaicas ou formais) de comunicação. O ensinar, o aprender e o empregar a linguagem passam necessariamente pelo sujeito, o agente das relações sociais e o responsável pela composição e pelo estilo dos discursos. Esse sujeito se vale do conhecimento de enunciados anteriores para formular suas falas e redigir seus textos. Além disso, um enunciado sempre é modulado pelo falante para o contexto social, histórico, cultural e ideológico (trecho do texto "Mikhail Bakhtin, o filósofo do diálogo").
Para complementar:
(...) A expressão não era mais vista como uma representação da realidade, mas o resultado das intenções de quem a produziu e o impacto que terá no receptor. O aluno passou a ser visto como sujeito ativo, e não um reprodutor de modelos, e atuante - em vez de ser passivo no momento de ler e escutar ( trecho do texto "O que ensinar em língua portuguesa").
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Texto 5:

Concepções que refletem as escolhas metodológicas
  • A língua é entendida - segundo Vigotski, Bakthin, Geraldi - como um processo de interação entre sujeitos que desempenham papéis sociais, ideologicamente situados num momento histórico, portanto, um sistema aberto, vivo, dinâmico. Daí, a importância de expor os alunos a diferentes textos e contextos de uso da linguagem, a fim de torná-los “poliglotas” na própria língua, capazes de usá-la nas diversas situações, respeitando e valorizando as variações, e fazendo as reflexões necessárias sobre a modalidade padrão (ou culta). 
  • A língua é um dos elementos de identidade de um povo e dos indivíduos.
  • Todas as áreas do conhecimento, todas as atividades da sociedade se relacionam com a linguagem. 
  • A função de professor de língua e literatura implica muita responsabilidade, pois a forma como o trabalho é encaminhado pode contribuir, por exemplo, para que o preconceito linguístico se fortaleça e, daí, a exclusão; ou para a “apropriação” da (s) língua (s).
  • A aprendizagem de língua dever servir para libertar (e não para aprisionar!). Deve focar na formação de leitores e de produtores de textos (e não em “especialistas” em gramática normativa!).
  • Esses pressupostos exigem o investimento na construção da autonomia dos alunos, assumindo a condição de autores, pesquisadores - criativos, críticos e reflexivos -, especialmente, em relação às questões dos usos da língua. 
Ou seja, o professor deve promover a aprendizagem, estimular o diálogo, provocar o surgimento de dúvidas, apoiar as reconstruções. Ao aluno, por sua vez, cabe uma postura ativa; interessado em compartilhar, criar, interagir para compreender.

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