Em três de janeiro, a comunidade do Instituto Estadual Paulo Freire (escola que trabalho no turno da tarde) encerrou o ano letivo de 2008 numa bonita solenidade oficial. A 6ª turma de finalistas recebeu o certificado de conclusão do ensino médio e deixou suas impressões nas falas da educanda Elidiane e do educando Sílvio Ricardo.
Convido vocês, leitores e leitoras do Ufa!, para conhecer mais um pouco do IEPF (tenho falado, em alguns posts, das minhas vivências por lá)… Desta vez a partir dos olhares d@s educand@s… As falas são bem reveladoras…
- A educanda Elidiane:
Cheguei aqui na etapa 3, o tradicional 2° ano do ensino médio. Já falo assim porque aqui é diferente das escolas em que estudei antes.
Para começar, as mesas não são uma atrás das outras e sim em círculos para que todos possam se olhar e trocar idéias, expor suas opiniões.
Na troca de períodos, não são os professores que trocam de sala e sim os alunos.
Eu, que sempre me considerei a número 1, com notas boas, comportamento exemplar, quietinha, comecei a achar que estava ferrada.
Falar em público? Que “mico”!
Ensinar o que aprendi? Me expor? Isso é o que significa o tão temido SEMINÁRIO. Mas mesmo assim não desisti e agora já me sinto uma vencedora, pois consegui me formar.
O Instituto estadual Paulo Freire é baseado em alguns princípios: dialogicidade, participação, criticidade, amorosidade, ética, rigorosidade, humanização e autonomia.
Foram sete etapas e cada uma delas com um foco que deve estar ligado aos princípios freireanos. depois de estar há algum tempo aqui, se vê que não é tão difícil.
O Instituto é uma escola moderna, diferente; eu diria até que é revolucionária. Também, levando o nome de PAULO FREIRE não poderia ser diferente.
Se todas as escolas seguissem o exemplo do IEPF, não haveria tanta criança querendo deixar de estudar.
Meu filho é um que não gosta de ficar só sentado, só escrevendo, sem falar, e já me falou que, quando crescer, quer estudar no Instituto.
Eu gostei de ter passado por aqui, ter aprendido e convivido com colegas, professores, funcionários e de ter dado mais um passo para frente.
Espero que a escola melhore, se aprofunde nas teorias dos livros, porque também quem passa por aqui pretende ir além, quer estar preparado para concursos e vestibulares.
Quem sabe unindo a praticidade do IEPF com as muitas teorias dos livros que se aprende nas escolas tradicionais não dá uma ótima mistura?
Espero que pensem nisso, para que, quando meu filho chegar aqui, ele também tenha orgulho de dizer que estuda no IEPF.
Vou deixando um abração, o meu MUITO OBRIGADA por tudo.
E espero que a escola não feche nunca suas portas, pois tem muita gente precisando dela na comunidade.
- O educando Sílvio Ricardo:
Cheguei no Instituto com a sensação de que não iria a lugar nenhum com o método de ensino que se apresentava ousado e diferente.
Desacreditado de minhas capacidades intelectuais, não conseguiria continuar depois de sete anos afastado dos estudos. Depois de muito incentivo de meus familiares para que continuasse, decidi que era o momento de voltar e ter um futuro melhor.
Então fiz minha inscrição no Instituto Estadual Paulo Freire, com a fama de ter um ensino fraco e não preparar o aluno para o mercado de trabalho.
Nos primeiros contatos com esse método de ensino, achei estranho, totalmente diferente dos outros métodos. O tratamento carinhoso dos professores com os alunos, interessados em nossa opinião e preocupados com nossa vida. Totalmente diferente do tratamento frio de alguns professores em outras instituições escolares.
Rapidamente conquistava grandes amizades entre professores e alunos. O Instituto torna-se uma segunda casa. Uma grande família que está sempre disposta a estender a mão, dar apoio amigo. Foi nessa família que muitos educandos viram uma chance de se tornarem cidadãos conscientes de suas obrigações e direitos, como partes da sociedade.
Ficamos cientes, a cada dia, que fazemos parte de uma comunidade, não é por menos que estamos na União das Vilas e o Instituto veio somar em uma comunidade abandonado pelo poder público.
Sabemos que o Instituto não é perfeito, que ainda tem muito a melhorar, mas sinto que está no caminho certo: a educação como uma arma para enfrentar o futuro.
No Orkut, há, em construção, a comunidade do IEPF, passa por lá…
3 comentários:
Eu adoro esses escritos da gurizada...
São emocionantes para nós que convivemos com eles lá, pela simpels lembrança das construçõesque partilhamso, mas também pela avaliação racional, ainda que carregada de sentimento, com uma sinceridade que só é possível entre gente que se estima!!!!
Sobre a comunidade no Orkut, ela já está há um anoem construção...tá na hora de agregar alguns links e informaçõe snovas por lá... estou banido do orkut não sei até quando...queria inclusive postar as fotos do nosso retorno mas não tô podendo entrar lá!!!!
até segunda!
Su , valeu, tenho certeza que estes textos são mais que simples relato de algo, eles falam de nossas histórias, de nossas construções, digo nossas, porque se derão em meio au dialogo a participação a criticidade ...
È bom ver retratos da escola pública que mesmo sofrendo tantas adversidades dá certo. Andrea
Su, estou contagiada com as possibilidades do trabalho com os blogs em educação, e ao observar o teu trabalho e os textos de teus alunos é como perceber umaluz no fim do túnel.
Parabéns!! Sandra Maia (Professora de Séries iniciais e educação infantil).
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