Todo professor "diferente" é mal visto pelo aluno. Quantas vezes escutei ao realizar atividades sobre um livro: "A senhora não vai dar aula?" E também ouvi críticas de colegas a outros professores com trabalho semelhante ao meu. Hoje, nossa rede está bem amarradinha ao conteúdo com livros, cadernos pedagógicos, provas, testes, tal qual à particular. Uma minoria é preparada para concursos e não há tempo para os projetos, para a construção da aprendizagem. Não me adapto à modelos. (Fátima Campilho, em comentário no texto "Será que o nosso erro é tentar didatizar a internet?")
Sabe aquela coisa de ação-reflexão-ação? de refletir sobre as práticas?
Em 1985, recém saída da graduação, assumi a primeira turma, uma quinta série, numa escola particular. Um tempo em que se questionava o uso de livros didáticos e, mais ainda, o ensino da gramática normativa. Língua e liberdade, de Celso Luft, era livro de cabeceira!
E eu adorava isso, tinha (tenho) como inspiração uma professora de Português para comunicação, no curso de jornalismo (que não acabei). Nas aulas, ela nos chamava para a conversa, nos provocava a expor sentimentos, ideias, dúvidas, certezas.... e lia nossos textos como leitora e nos desafiava a sermos leitores dos próprios textos... ah, que diferença do que vivera no segundo grau...
Foi tão transformadora essa experiência que troquei de curso: queria (quero) ser como aquela professora! Precisava mostrar que estudar língua portuguesa não significava, apenas, fazer classificações intermináveis de palavras, de orações...
Sim, as inquietações dessa professora me contagiaram, e até hoje as persigo isso.
Talvez, por isso, tenha ouvido muito: "Professora, quando a senhora vai dar aula de português?"
Os alunos tão acostumados à gramática classificatória estranham as propostas de análise linguística, por exemplo, em que vamos debatendo a língua viva, em seus usos.
E quando percebem que essas são aulas de língua portuguesa também, eles gostam, aprendem: "Professora, pensei que não tinha aprendido nada em suas aulas, com esse jeito diferente, mas, agora, vejo como estou escrevendo melhor!" ou "Professora, a senhora me despertou o gosto de ler."
Como disse, procuro (re) pensar as práticas. Num desses movimentos, dei nos blogs.
Sei que tudo que entra na escola fica escolarizado (?). Por mais que a gente procure criar situações de escrita em que estejam claros os objetivos, o gênero, os interlocutores; por mais que a gente evite a escrita, apenas, para o professor corrigir, sempre será um texto da/na/para escola.
Embora essas condições estejam presentes, penso que a publicação em blogs permite, pelo menos teoricamente, a circulação dos escritos em espaços além da escola.
Escrever para publicar em blog e escrever, apenas, para o professor exigem posturas diferentes do autor.
A primeira situação, mesmo escolarizada, fica mais perto das produções que fazemos fora da escola - com leitores que vão ler e, quem sabe, opinar, dizer o que pensaram, sentiram... isso requer um planejamento do texto, adequando gênero, linguagem, objetivos, interlocutores...
Antes de propor o uso de uma ferramenta da web, para ter certeza de que não estou sucumbindo à vontade de ser moderninha :P ou para tornar mais atraentes as aulas e tals, aprendi a fazer a pergunta: posso alcançar esse objetivo sem essa ferramenta?
No caso do blog, talvez sim. Usando murais (na sala de aula, nos corredores da escola), jornais impressos... Só que, nesses suportes, o alcance é menor e demanda certo investimento (imprimir um jornal, por exemplo) que a escola pública não dispõe.
Por isso, proponho a publicação em blogs: para desenvolver a autoria (individual ou coletivamente), para que os textos saiam das paredes das salas de aula, para que os alunos sejam leitores dos próprios textos e dos textos dos colegas, para que possam comparar as produções anteriores e as atuais, percebendo o desenvolvimento da habilidade de escrita.
Temos (os alunos e eu) muito, ainda, construir, especialmente, a atitude blogueira: além de publicar, ler, comentar, gerar outros textos a partir do que é lido...
Caminhos...
Como disse, procuro (re) pensar as práticas. Num desses movimentos, dei nos blogs.
Sei que tudo que entra na escola fica escolarizado (?). Por mais que a gente procure criar situações de escrita em que estejam claros os objetivos, o gênero, os interlocutores; por mais que a gente evite a escrita, apenas, para o professor corrigir, sempre será um texto da/na/para escola.
Embora essas condições estejam presentes, penso que a publicação em blogs permite, pelo menos teoricamente, a circulação dos escritos em espaços além da escola.
Escrever para publicar em blog e escrever, apenas, para o professor exigem posturas diferentes do autor.
A primeira situação, mesmo escolarizada, fica mais perto das produções que fazemos fora da escola - com leitores que vão ler e, quem sabe, opinar, dizer o que pensaram, sentiram... isso requer um planejamento do texto, adequando gênero, linguagem, objetivos, interlocutores...
Antes de propor o uso de uma ferramenta da web, para ter certeza de que não estou sucumbindo à vontade de ser moderninha :P ou para tornar mais atraentes as aulas e tals, aprendi a fazer a pergunta: posso alcançar esse objetivo sem essa ferramenta?
No caso do blog, talvez sim. Usando murais (na sala de aula, nos corredores da escola), jornais impressos... Só que, nesses suportes, o alcance é menor e demanda certo investimento (imprimir um jornal, por exemplo) que a escola pública não dispõe.
Por isso, proponho a publicação em blogs: para desenvolver a autoria (individual ou coletivamente), para que os textos saiam das paredes das salas de aula, para que os alunos sejam leitores dos próprios textos e dos textos dos colegas, para que possam comparar as produções anteriores e as atuais, percebendo o desenvolvimento da habilidade de escrita.
Temos (os alunos e eu) muito, ainda, construir, especialmente, a atitude blogueira: além de publicar, ler, comentar, gerar outros textos a partir do que é lido...
Caminhos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário